quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

TEstemunho de Mª Filomena Costa

O meu testemunho À “tia” Alcina – minha Catequista Celebramos o mistério da morte. A morte rouba ao homem o que nele há de mais digno: o ser e a vida. Respeito profundamente o mistério da morte, mas custa-me aceitá-la como resposta definitiva às mais profundas aspirações e inquietações humanas, na busca da plenitude. Prefiro vê-la como semente de vida nova, para lá da fugacidade do tempo. A vida e a morte: duas faces do grande mistério oculto na vida do homem. Viver dignamente defronte da morte, quando ela vier, soberana e fria. Morrer dignamente, porque o Amor é mais forte, não teme o sofrimento e não vence nem destrói um coração cheio de amor e de fé. E é a luz da fé que projecta a vida para além da morte. Choramos a despedida das pessoas nossas amigas, que nos acompanharam na vida, que fizeram parte do nosso dia-a-dia, que connosco partilharam alegrias e tristezas, sonhos e desilusões que quase fizeram parte de nós e que agora nos deixam. Por isso, também nos sentimos morrer aos poucos com a sua morte. É um desmoronar penoso, dorido, mas digno e edificante. Choramos a despedida da tia Alcina. Ela deixa-nos o testemunho exemplar da sua vida cristã, numa doação total à Igreja, que serviu com a maior fidelidade e com exemplar dignidade, uma vida inteiramente doada a esta comunidade, que dedicada e generosamente serviu, incutindo valores humanos e cristãos, transmitindo a todos, na simplicidade do seu viver e do seu saber a sua fé e a sua alegria interior, que vinha de uma alma de bem com Deus e com o seu próximo e se derramava para o exterior. Desde os bancos da catequese, passando pelos grupos juvenis, pela adolescência, pelos jovens, até à idade adulta nos habituamos à sua presença e com ela fizemos uma caminhada verdadeiramente catequética. Tinha uma sólida formação humana e espiritual, que lhe vinha dos seus tempos de “militante” da Acção Católica, movimento muito enraizado na Paróquia e que foi grande escola de formação para leigos na Diocese. Ao longo de tantos anos deu à Igreja e à Comunidade horas sem conta, da sua vida, da sua generosidade e disponibilidade. Trabalhou em todos os sectores da vida paroquial, colaborou e apoiou as mais diversas iniciativas. Na Catequese – Quem não se lembra do seu amor, da sua dedicação à catequese. Tinha um jeito único para lidar com crianças. Sabia como ninguém, “dar catequese”, ensinar a “doutrina”, dando aos mais pequeninos autênticas “lições” de fé viva. Se Jesus nascesse nesta paróquia, tenho a certeza de que gostaria que a tia Alcina fosse a sua catequista. Na Cruzada Eucarística – Era ela que tinha a seu cuidado os uniformes dos meninos e das meninas, que depois vestia e acompanhava nas procissões, com uma alegria imensa. No Apostolado da Oração – Como zeladora do Coração de Jesus, a quem tinha particular devoção, cuidava de tudo o que dizia respeito a esta obra de apostolado. Nas devoções eucarísticas e marianas – Sempre assídua, participava, animava e orientava com cânticos e orações que tão bem sabia recitar. Na Liturgia – Sabia da importância da Liturgia, conhecia o sentido da vida litúrgica, como acção da Igreja para dar glória a Deus. Sabia explicar e participar devidamente nas cerimónias e cuidava com especial carinho por todos os símbolos litúrgicos. Zelava com um zelo inexcedível pelos altares, tratava das toalhas, das flores, dos livros, do arranjo e limpeza dos objectos litúrgicos e dos espaços envolventes. Na Pastoral dos doentes – Todos os Domingos, da parte da manhã, ia “levar Nosso Senhor” aos doentes, a quem deixava sempre uma palavra de conforto e de esperança. Na casa paroquial – A sua valiosa ajuda no tempo do saudoso Padre Borges. Era ela que fazia “o comer” para os Senhores Padres, quando vinham ajudar nas confissões ou noutros serviços. Tempos difíceis, pois não havia abundância, mas ela superava, levando de sua casa. A Paróquia tem, para com a tia Alcina, uma enorme dívida de gratidão. Ela foi servidora humilde e alegre da Palavra de Deus. Foi educadora dos irmãos na fé da Igreja. Foi o “eco fiel da Igreja local”. Sempre pronta, discreta e disponível para servir, sem esperar recompensa, sem quaisquer pretensões de reconhecimento. Ela foi a mestra, a conselheira, a confidente, a amiga, sempre presente em todos os momentos e em todas as horas. Ela foi presença materna junto de todos nós. Quando as forças lhe começaram a faltar decidiu ir para o Lar, onde era muito acarinhada e respeitada e lá terminou a sua jornada, que foi longa, oitenta e sete anos. E partiu para a Casa do Pai. É com saudade que a vejo partir para a longa viagem, sem retorno. Mas cresce a confiança de um dia, sei lá quando nem onde, a encontrar numa mansão de luz e de paz. Na vida tudo muda, tudo passa. Fica a solidão, o silêncio e o vácuo da ilusão. Mas fica gravada na alma a imagem desta grande Mulher, da Mulher forte, de que fala o Evangelho, imagens de uma vida, marcos de uma história, que não se apagarão da memória. Perante os seus restos mortais, a minha oração sincera e agradecida e a minha profunda amizade e gratidão por tudo quanto de bom e de belo fez. Com uma saudade sofrida, que só a fé torna mais leve o meu adeus de despedida. Obrigada, tia Alcina, e até breve. Penude, 24/02/2014 Mª Filomena Costa

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em memória da nossa TIA ALCINA

Soube hoje da morte da Tia Alcina, uma mulher que em meu entender "PASSOU A VISA A FAZER O BEM" de uma forma absolutamente exemplar: serena, discreta, bela, arrumada, solidária, competente e sempre com um sorriso cordial nos lábios! Uma imagem que dela guardo e guardarei (desde criança e adolescente). A freguesia de Penude deve hora-la e honrar-se dela. Aos familiares as minhas condolências. A ela a recompensa eterna do Poderoso (por que dedicou quase toda a sua vida).